terça-feira, 7 de outubro de 2008

tudo gira à volta de DINHEIRO

Milão é uma cidade cara. A carne é caríssima, bem como a charcutaria. Peixe não sei porque só compramos peixe congelado (douradinhos e tranches de pescada, até agora). Não nos apetece muito correr riscos. Uma panela de sopa fica em média em três/quatro euros, o que nós consideramos barato. Nós cá em casa ainda não fizemos sopa mas a Laura faz com bastante frequência. Em breve começaremos (eu não porque me recuso a “tocar” em tal máquina) a fazer, visto termos a Bimby cá em casa. A fruta tem dias… Uma coisa que não existe cá, é salsichas em lata, o que me deixou estupefacta. Fui gozadíssima pelos senhores do supermercado, “GS” de seu nome, depois de muito esforço para explicar o que tinha andado à procura durante mais de 20 minutos. Tive de lhes mostrar salsichas frescas e uma lata de milho. Há que ter em conta que as aulas de italiano ainda não começaram e por muito que recorra ao guia de conversação, é difícil, muitas vezes, exprimir-me. Quando me senti entendida e obtive resposta negativa, perguntei se era só naquele supermercado ou se não existia mesmo em Milão. Responderam que naquele, pelo menos, não existia. Quando virei costas, a senhora repetiu num tom hiper irónico para o senhor: “É só neste supermercado que não existe ou não existe mesmo em Milão?” e riram-se imenso os dois. Eles acham que por eu não falar, também não os percebo… Coitados… Não percebem que os portugueses nesse aspecto são muitíssimo mais evoluídos… Fazemos um esforço e não nos limitamos à língua materna. Aqui, poucos são os que falam inglês. Compreendo porquê. Todos os programas são em italiano. Os filmes, novelas e séries são dobrados em italiano. Já por várias vezes vi na televisão “Walker – O Ranger do Texas” em Italiano claro está. Outra das magníficas dobragens que se vê na televisão é a novela brasileira “Terra Nostra”. A que me deu mais vontade de rir foi sem dúvida o “Sex & the City”. A voz da Carrie……….. GOD PLEASE!!!! Uma coisa óptima nos supermercados é arredondarem sempre a conta para baixo. Isto é, se o total for 25,87€ passa a ser 25,85€. Para não falar que os meninos fazem sucesso e compraram 15 cervejas pelo preço de uma… as senhoras do ESSELUNGA (outro supermercado onde também vamos) babam pelos meninos e esquecem-se de cumprir bem o seu dever. Sorte a nossa (deles, visto eu não gostar de cerveja)!

Mas caro, caro, é o metro. Temos gasto por dia 3 euros. Isto porque achamos que nos compensa mais comprar o “giornaliero urbano”, um bilhete que dá para todos os transportes, durante 24horas. O preço do bilhete simples – uma viagem – é um euro. Já fomos tratar do passe… mas demora 15 dias a ficar pronto (neste momento faltam seis dias, se tudo correr bem). Esse não é caro. 10euros pelo cartão e 17euros para o carregar todos os meses. A questão é que até o recebermos, todos os dias largamos três euros. Corre o boato que depois de recebermos o passe, ainda demora uns dias para o mesmo ficar activo. A ver vamos… Posto isto, ou porque não temos moedas ou porque não nos compensa comprar o bilhete para uma só viagem e 1 euro é um absurdo, por vezes não compramos bilhete e entramos dois a dois. A Marta é a mais adepta desse esquema. Eu, só o adopto quando não tenho moedas (e já me sinto mal em pedir no café do metro para me trocarem a nota). No outro dia comprei um pacote de pastilhas HORROROSAS para não ter de pedir MAIS UMA VEZ para me trocarem a nota. Assim, não tinham outro remédio e com uma cara de poucos amigos, lá me deram o troco. Hoje, trememos das pernas. Eu, a Marta e a Laura não comprámos bilhete na volta para casa. Instalados no metro, entra um senhor que fica a olhar fixamente para mim. Por momentos achei que fosse o “Pica”. Mas logo retirei esse pensamento da cabeça quando não o vi a pedir bilhetes a ninguém. Estação (“fermata” em italiano) seguinte e o senhor aproxima-se de nós e fixa a Laura e o Manel. A Laura fez-me sinal de achar que era o “Pica”. Eu acenei-lhe com a cabeça que não. E disse-lhe que também tinha pensado nisso, mas que ele não tinha pedido bilhetes a ninguém. O metro continuou a andar e na estação seguinte, o senhor passou para o lado da Marta. Neste momento já todos achávamos que era o “Pica” e que estávamos tramados. A Laura disse-me que ia sair na estação seguinte. Eu concordei, caso o dito senhor não saísse. O dito senhor não saiu e nós também não. O Manel e o Ricardo disseram-nos que era melhor não… Faltavam três estações para a nossa e o senhor continuava a olhar para nós. Eu e o Manel cantávamos para nos descontrairmos. O Ricardo só se ria. A Marta estava estupefacta e a Laura só dizia: “Logo hoje que eu aderi ao esquema!”. Estação seguinte e o dito senhor saiu. Respiro de alívio. Não foi desta… Ficámos sem saber se era ou não o “Pica”. Eu e a Laura achamos que sim pois debaixo do casaco azul escuro estava uma camisa da cor das dos senhores da ATM (transportes Milão) e que só nos safámos por sermos estrangeiros. O Ricardo, o Manel e a Marta acham que foi filme nosso. Estou ansiosa para ter o meu passe. Não gosto nada destas situações, mas ao mesmo tempo irrita-me o tempo que demora para o passe estar pronto.

Este sábado fomos à feira das bicicletas ou pelo menos, tentámos ir. Não fomos bem sucedidos… Não encontrámos a dita feira. Próximo sábado, se tiver companhia vou tentar de novo, visto já nos terem explicado melhor onde é. Entretanto a senhoria veio cá a casa receber a renda e nós perguntámos se podíamos guardar as bicicletas, que havemos de comprar, no pátio durante a noite. Resposta negativa. Mas nós não desistimos. Moramos num prédio de família. Todos os vizinhos têm o apelido MAINO. No início não nos encaravam muito bem. Hoje, falam-nos e o senhor Maino, vizinho da frente, até nos limpou o chuveiro pois queixámo-nos da falta de pressão. Melhorou um bocadinho, não o suficiente, mas valeu a pena o esforço. Estamos a pensar fazer um lanche/jantar cá em casa para os Maino com o objectivo de nos apresentarmos e de pedirmos o “especial favor” de nos deixarem guardar as bicicletas no pátio. Caso a resposta seja negativa, não sei se compro bicicleta pois não quero deixá-la durante a noite na rua (há que ter em conta que em frente a casa temos duas discotecas….!). Mas quero muito ter uma bicicleta. Quero sentir-me “milanesa” a 100% ou perto disso.

Começaram a surgir os vossos contactos para me virem visitar. Em Novembro vou receber o Miguel Cêncio, a Joana Prata e o Diogo Pombo – os representantes da Católica na Holanda. E a Bia deve vir também. Espero conseguir arranjar uma viagem baratinha até à Holanda. Queria muito aproveitar o facto de ter “abrigo” para conhecer Utrecht (retribuir a visita) e Amesterdão (e matar saudades da Catarina e do Vasco que ao que parece só ficam até final de Novembro). Eu estou a tentar, mesmo. Entretanto, surgiu também a oportunidade de ir festejar o aniversário da Maria na Disney, Paris. Mas isso é só para Dezembro, pois a época natalícia começa dia 8 e deve ser fantástico. Tenho de organizar as minhas finanças.

Amanhã começo as aulas. Estou ansiosa… quero conhecer italianos/as quero ter obrigações e sentir o meu tempo ocupado. E quero muito, mesmo muito, começar a falar italiano (Nuninho, está quase… depois apenas falaremos em italiano!).

Hoje foi um post grande. Muitos não terão paciência para começar a ler devido ao tamanho, outros irão ler por alto. Um ou outro irá chegar ao fim e o meu pai de certeza que chega ao fim. Não censuro qualquer das escolhas. Eu escolhi escrever. Há dias/noites assim…

Mille baci*

3 comentários:

Anónimo disse...

E não é que cheguei mesmo ao fim! Hoje cheguei ao fim só 2 vezes! Nos próximos dias devo chegar ao fim mais umas quantas... Saudade é no que dá. Oh aventureira, não exageres. Vê lá, não queiras quebrar a cara! XOXOXO. Dom Pai

Caratequide disse...

"Para não falar que os meninos fazem sucesso e compraram 15 cervejas pelo preço de uma..."!?!?!??!?!

Anónimo disse...

inês! agradecemos muito o acolhimento em tua casa. qdo vieres cá, passado uns dias estaremos em tua casa! vai ser lindo! preparate que tamos excitadissimos! lol muitos bjs de todos e mtas saudades!! mesmo.